Entenda a importância da qualidade da água para a agricultura

A água é um recurso natural de fundamental importância para o desenvolvimento de inúmeras atividades econômicas, sendo indispensável para o desenvolvimento de todos os setores da sociedade e economia mundial. Além do consumo humano e animal, a manutenção das espécies vegetais depende do seu uso adequado, sobretudo em relação à sua qualidade.

Na produção agrícola, por exemplo, a falta de recursos hídricos pode comprometer diretamente no desenvolvimento de lavouras e até inutilizar ecossistemas completos. Apesar disso, ainda hoje é muito comum o avanço da poluição de rios, desaparecimento de nascentes e aumento de crises econômicas provocadas pela falta de água.

Enquanto fatores climáticos interferem no prolongamento dos períodos de estiagem, a falta de controle e planejamento são aspectos importantes para aumento deste desequilíbrio natural. Pensando nisso, no post de hoje vamos tratar mais a fundo sobre a importância da qualidade da água para a manutenção de culturas no país. Saiba mais!

A importância da água na agricultura

Não é novidade para ninguém que grande parte da superfície terrestre é coberta por água. Estima-se que 70% da área total do planeta esteja debaixo d'água. Essa distribuição é feita através dos mares, rios, lagos, geleiras e também no subsolo.

A grande questão é que apenas 2,5% de deste volume representa a água doce. Por outro lado, o Brasil está localizado em uma região privilegiada, já que seu território ocupa 12% de toda reserva de água doce do mundo.

Quando se trata da agricultura, esse recurso sempre ocupou uma posição muito importante, afinal, desde os primórdios da humanidade, a água foi responsável direta pelo desenvolvimento das civilizações, especialmente porque estas estavam justamente localizadas às margens de rios e lagos. Atualmente, o setor que mais utiliza a água é a agricultura, com destaque para os países mais desenvolvidos.

A água é aplicada em todos os setores da sociedade e é considerada a principal responsável pela manutenção da vida humana. Afinal, por meio dela é possível garantir o alimento tanto de origem animal quanto vegetal, fazer girar a economia — além de ajudar o nosso organismo a se manter hidratado, é claro.

Em função da sua aplicabilidade, não é difícil imaginar a importância da preservação dos recursos hídricos bem como os impactos negativos na saúde humana e do meio ambiente que são gerados em virtude de uma má administração da água de boa qualidade.

A irrigação no Brasil

O fornecimento de água em quantidade suficiente é indispensável para o crescimento saudável da maioria das culturas. Enquanto algumas regiões contam com um volume significativo de chuvas durante o ano, o mesmo não se repete no extremo nordeste do país, por exemplo. Com isso, é necessário investir em sistemas irrigados para garantir as necessidades de cada cultura.

A deficiência em chuva da região do semiárido é um dos principais exemplos da indispensabilidade de uso da irrigação. Contudo, esse tipo de sistema é importante ainda nos períodos de chuva, já que pode haver falta de água nos intervalos de estiagem, comprometendo assim a produtividade.

Vale destacar, porém, que o processo de irrigação se dá de maneira um pouco complexa. Isso porque é preciso dispor de tecnologias e conhecimento sobre as fontes de água, bem como contar com um projeto de irrigação adequado para evitar o uso deste recurso sem desperdícios. Nesse contexto, o ideal é avaliar as condições climáticas bem como a disponibilidade de água e necessidade das culturas para determinar o melhor cultivo.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o principal método de irrigação se dá por superfície, aspersão, localizada e subirrigação. De modo geral, as culturas mais comuns que compõem estes sistemas de irrigação no Brasil são a cana-de-açúcar, arroz, soja, milho, feijão, café, algodão e trigo.

Por que analisar a qualidade da água utilizada na irrigação?

Em uma época não tão distante, era muito comum a preocupação com a qualidade da água, especialmente por conta dos altos índices de salinidade. Até bem pouco tempo atrás, os níveis de elementos sólidos ou em suspensão não demandavam tanta atenção dos produtores, como o manganês e o ferro.

Porém, hoje em dia já se sabe dos malefícios da presença destas substâncias, sobretudo em culturas de irrigação localizada que utilizam o sistema de microaspersão e gotejamento em sua área cultivada. Isso acontece porque a concentração dessas substâncias em alto nível pode provocar o entupimento das tubulações, ocasionando uma diminuição drástica na eficiência do sistema de irrigação e, consequentemente, na perda de culturas.

Ao contrário do que imaginam a maioria das pessoas, não são apenas as águas mais profundas que contém impurezas que impedem seu uso na agricultura. Afinal, as águas superficiais também podem conter os mesmos elementos sólidos, como areias, argila e matérias orgânicas.

Qualidade física da água

Em via de regra, a qualidade da água pode comprometer diretamente no desempenho dos defensivos agrícolas. Isso porque sua contaminação por matéria orgânica e/ou demais materiais sólidos em suspensão podem reduzir a eficiência das pulverizações na cultura.

Apesar disso, as consequências negativas não param por aí, já que o rendimento operacional também pode ser reduzido drasticamente. Afinal, a necessidade de realizar limpezas no sistema de filtragem das pulverizadoras pode abreviar a vida útil do equipamento, incorrendo na necessidade de substituição de peças.

Para reduzir esse tipo de interferência, o primeiro passo é optar por fontes que não tenham muitos materiais em suspensão. Para tanto, basta investir em equipamentos de filtragem da água antes de aplicá-la nos pulverizadores. Com esse cuidado é possível, por exemplo, diminuir custos operacionais no uso de defensivos agrícolas.

Qualidade química da água

Além da qualidade física da água, é muito importante avaliar as propriedades químicas da mesma. Nesse sentido, para mensurar a qualidade química da água leva-se em consideração a concentração de elementos alcalinos-terrosos com a seguinte fórmula: [cálcio (Ca+2), magnésio (Mg+2), estrôncio (Sr+2) e bário (Ba+2)].

Também chamada de “dureza da água”, a alta concentração de íons pode interferir na eficiência dos defensivos agrícolas, especialmente aqueles que tem o glifosato em sua composição. Isso se dá pela necessidade da utilização de adjuvantes com capacidade sequestrante destes elementos químicos.

Por que adotar práticas sustentáveis no uso da água?

Como já destacamos anteriormente, a má qualidade da água é, assim como a falta dela, um problema em potencial para agricultura, já que ela pode comprometer a produtividade das lavouras, bem como destruir completamente alguns ecossistemas. Nesse sentido, é de fundamental importância adotar medidas preventivas para racionamento da água e evitar o seu desperdício em sistemas de irrigação mal planejados.

Para driblar a escassez dos recursos hídricos, muitos produtores buscam alternativas tecnológicas para captar, reservar e tratar água por mais tempo. Esse esforço é cada vez mais urgente na sociedade moderna. Uma vez que o crescimento da população é maior a cada ano, o uso moderado é uma medida fundamental para evitar uma crise hídrica mundial.

Nesse cenário, a adoção de práticas sustentáveis no uso da água é o principal recurso para enfrentar com tranquilidade o problema da alta demanda. Além disso, quando se trata da agricultura familiar, os produtores devem utilizar sistemas de captação de água da chuva para reaproveitá-las em sua cultura reduzida.

Já as grandes plantações da agricultura convencional, utilizar sistemas de irrigação inteligente pode aperfeiçoar a distribuição de água, minimizando os desperdícios o máximo possível. Além disso, outras práticas podem ser adotadas para manter a terra úmida por mais tempo, como utilizar forrageiras, árvores e arbustos para ampliar a área verde e evitar a erosão do solo.

Como você pode perceber, a irrigação e a disponibilidade de água de boa qualidade é indispensável para a agricultura. Entretanto, ainda há muito o que fazer para reduzir o desperdício dos recursos hídricos em cultivos tradicionais e também na agricultura familiar. Dessa forma, o princípio básico da proteção ao meio ambiente e preservação dos recursos naturais é peça chave para manutenção da produção de alimentos e produtos primários.

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